quarta-feira, junho 22, 2005

Muito mal vamos nós...
Infeliz ou felizmente (sendo sincero, já não sei) falta-me o tempo para ver os noticiários. Pelo que, hoje, quando me desloquei em serviço aos Juízos Criminais de Lisboa (para quem tem a sorte de não saber onde se localizam - provisoriamante , dizem - aqui fica o registo; situam-se mas malfadadas Escadinhas de S. Crispim que, para quem as sobe, de esdadinhas não têm nada e para as subir nem S. Crispim ajuda...) a conversa de ordem, para minha absoluta estupefacção, era o assalto às instalações do tribunal.
Ao que parece, pelo que pude constatar, uns larápios decidiram fazer uma visita não autorizada às instalações do tribunal (o que já de si não deixa de ser bizarro!) e, não contentes, levaram consigo alguns objectos de duplo valor. E digo duplo valor já que, segundo ouvi, alguns dos objectos seriam objectos apreendidos no âmbito de processos-crime. Assim, para além do seu valor venal, esses objectos tinham outrossim um valor probatório.
No meio de toda esta fantástica história (bem real ao que parece!), duas questões se colocam (e para as quais não tenho resposta). Primeiro, como é possivel, em pleno século XXI, um "Domus Iustitiae" ser assaltado (ao que parece não há segurança noturno no tribunal, mas compreende-se pois também a justiça tem que "apertar o cinto")?; e, segundo, o objectivo dos assaltantes seria apenas o interesse económico (ou puro divertimento, porque assaltar um tribunal, a casa da justiça, é no mínimo rídicularizante), ou haverá alguma intencionalidade ligada aos referidos processos (no actual "status quo" da criminalidade já nada me espanta!)?
Enfim, já não bastava a seca, o défice e a novel "onda" de assaltos por arrastão, se não agora assaltos a tribunais.
Se a moda pega...nem S. Crispim nos vale...
nullum infortunium venit solum
Muito mal vamos nós!
Flávio Serrano Roques

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